Precisamos de uma mudança de paradigma para equilibrar a balança das desigualdades

Citação de Inês Sequeira: "Precisamos de uma mudança de paradigma +ara equilibrar a balança das desigualdades"

Faltam ainda largos passos para que possamos atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 10: a redução das desigualdades. Para consegui-lo, há uma série de fatores ainda a trabalhar: porque a desigualdade é uma consequência de um conjunto de fatores, tais como acesso à educação, desequilíbrios da diversidade, na acessibilidade e inclusão e até mesmo as alterações climáticas.

A globalização tem acentuado cada vez mais as desigualdades entre os países e isso vê-se bem, com o que vivemos na pandemia: desde o processo de vacinação à luta desigual pelas oportunidades, acesso à saúde e materiais de proteção. Enquanto não olharmos para o planeta como um todo, não poderemos trabalhar de forma consistente as desigualdades que afetam tantos milhões de forma negativa, perpetuando fraco acesso a recursos que proporcionem uma vida digna para todos.

Para que as desigualdades decresçam, é necessário, em primeiro lugar, definir os conceitos e os paradigmas pelos quais nos regemos para avaliar o sucesso das organizações e empresas. Enquanto existirem dúvidas sobre o que é mais sustentável para o nosso planeta – se o valor criado para a nossa sociedade ou o dinheiro gerado por determinada operação, não vamos conseguir mudar para melhor.

O conceito de sucesso das empresas e dos países precisa de mudar, não pode continuar a ser o mesmo que nos conduziu a este nível de insustentabilidade. De que servem conferências como a COP26 se continuamos a medir o valor dos países apenas com KPI como o PIB ou o valor das exportações? De que serve criar certificações B Corp, promover operações sustentáveis se continuamos a medir startups pela sua avaliação financeira e acesso a financiamento?

Os vetores de avaliação precisam de ser diversos, olhando não só para o produto financeiro das operações, mas também para o impacto na sociedade, nos índices de sustentabilidade não só económica, mas social e ambiental das suas operações. Qual o valor das suas emissões? Favorece e aproveita os recursos e economia local? Tem uma equipa diversa? Incorpora pessoas com deficiência como qualquer outro trabalhador sem essa condição?

Aquando do lançamento de linhas de apoio e nas iniciativas de fomento ao desenvolvimento de negócios, como as que surgiram para a retoma, é necessário que, cada vez mais, existam fatores de avaliação que meçam vetores da sustentabilidade ambiental e social dos projetos e que estes tenham um peso significativo, sendo os projetos majorados, mesmo quando o seu foco não é capitalista.

Na Casa do Impacto fazemos questão de criar critérios de majoração que fomentam a igualdade, por exemplo, porque sabemos que é uma forma de acelerar o equilíbrio das questões da desigualdade. Acreditamos que a União Europeia e as entidades públicas devem valorizar estes pontos e afirmar publicamente essa valorização. Trabalhamos e investimos em startups com estas características, que trabalham para equilibrar esta balança: como a Access Lab ou a Semear, ambos investidos na última edição do Fundo +PLUS. Mas também na relação com as empresas, apoiando-as a ser mais sustentáveis através dos vários programas da Casa do Impacto e de iniciativas como a Valor T, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, uma agência de empregabilidade com dimensão nacional ao serviço das pessoas com deficiência.  

É urgente dar mais peso às métricas de impacto, deixando de tratá-las como acessórias, mas assumindo-as como vetores fundamentais da avaliação dos negócios, ou corremos o risco de continuar a valorizar organizações e operações insustentáveis a longo prazo. Só assim poderemos equilibrar as desigualdades e injustiça.

Inês Sequeira

Advogada de formação, deixou a sua profissão para fazer a diferença no setor público. Desde então, trabalha com inovação e empreendedorismo no Município de Lisboa e para o Governo Português. Em janeiro de 2018, ingressou na Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, onde lidera o Departamento de Empreendedorismo e Economia Social e é a fundadora e diretora da Casa do Impacto, a incubadora / hub para negócios de impacto social e ambiental onde aproveita a energia inerente dos jovens empreendedores e inovadores para resolver problemas ambientais e sociais, como a exclusão e isolamento social e a pobreza.

Amplificador

Fundação Galp apresenta “Som.Sim.Zero”

A inclusão é também cabeça de cartaz do Rock in Rio no próximo dia 25 de Junho: o Galp Orange Spot recebe um concerto protagonizado pela Associação de Surdos da Ilha de São Miguel e pela Escola de Música de Rabo de Peixe. Este projecto, apoiado pela Fundação Galp é desenvolvido em parceria com o coletivo açoriano Ondaamarela.
O espectáculo “Som.Sim.Zero”, que se estreia no Rock in Rio, é um novo passo numa parceria criada em 2019 e que tem tido como face mais visível a participação regular de um núcleo de artistas da Associação de Surdos de São Miguel em espectáculos musicais associados ao Festival Tremor, que se realiza todos os anos em Ponta Delgada, nos Açores.

Agenda

Eventos com acessibilidade física, legendagem, Língua Gestual Portuguesa e Audiodescrição. 


Rock in Rio Lisboa 2022
25 e 26 de Junho, Parque da Bela Vista, Lisboa

Destaques: Um dos festivais de música de maior dimensão está de regresso a Lisboa. Duran Duran, A-HA, Post Malone ou Anitta são cabeças de cartaz nos dias 25 e 26 de Junho.

+ info: www.rockinriolisboa.sapo.pt

Acessibilidade: A equipa de acessibilidade está disponível para auxiliar todas as pessoas com deficiência (física, auditiva, visual e/ou intelectual). Espaço físico; Interpretação em Língua Gestual Portuguesa de concertos e audiodescrição. Ver todas as condições de acessibilidade.


Arraial Lisboa Pride 22
25 de Junho, Praça do Comércio, Lisboa

Integrado na programação oficial das Festas de Lisboa, o Arraial Lisboa Pride é organizado pela Associação ILGA Portugal em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e a EGEAC. É o maior evento comunitário e associativo LGBTI+ em Portugal e desde 1997 que traz visibilidade à população lésbica, gay, bissexual, trans e intersexoEsta é a segunda edição que o Arraial Lisboa Pride integra, em vários momentos, interpretação de Língua Gestual Portuguesa.

+ info: https://ilga-portugal.pt/eventos/alp22

Acessibilidade: Interpretação em Língua Gestual Portuguesa


Mais sugestões em www.cultura-acessivel.pt

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