Olá!
Sejam bem-vindos à comunidade Access Lab!
Quando, em 2019, criei a It’s About Impact com o claim de “trazer o rock’n’roll para o mundo do impacto” a minha ideia era simples: dedicar-me a 100% a algo que pudesse beneficiar ativamente a sociedade e os que me rodeiam, usando a minha experiência emocional e aquilo que sempre mexeu comigo. Sabia que tudo o que fizesse seria com uma atitude irreverente, intervencionista, inspiradora e entusiasmante.
Não sabia, ainda, que havia alguém – com quem já me tinha cruzado em espetáculos – que representava tão bem esta visão: o Tiago Fortuna, com quem co-fundei a Access Lab, é isso e muito mais. É a pessoa que me tem ensinado muito daquilo que procurava perceber sobre o que é viver um festival quando se tem uma deficiência. O caminho que estamos a construir é uma aprendizagem, com a certeza de que há muito por fazer.
Um dos maiores privilégios que tive a trabalhar em espectáculos, foi a possibilidade de olhar para o público a partir do palco. Ter uma pequena janela para uma franja da população que aproveita ao máximo a sua vida, através da música. Procurei desdobrar esse olhar noutros lugares: bilheteiras, entradas, bares, merchandising, arena, frente de palco, bastidores, pequenos recantos.
Sempre gostei de pensar o que leva cada uma daquelas pessoas a sentir-se parte desse momento, como ele é vivido de forma individual e coletiva. Sempre fui tentando lembrar-me dos outros que, por alguma razão, ali não estavam. E, no cimo desta lista, estão os 17% da população portuguesa a viver com alguma deficiência ou incapacidade*.
A inclusão de pessoas com deficiência e Surdas em eventos faz sentido absoluto para todos. É um direito humano fundamental e sabemos que queremos uma sociedade justa, sem discriminação. Há leis que têm de ser cumpridas. Mesmo vivendo num tempo em que pessoas se sentem legitimadas para dizer disparates gritantes sobre várias questões de direitos sociais e humanos, este é inquestionável. E, por isso, parece fácil e óbvio. Mas dá trabalho. São precisos recursos financeiros e humanos. E conhecimento. E vontade. E coragem. E visão.
Acredito que um dos maiores desafios é deixarmos de encarar a inclusão como uma obrigação. São direitos humanos e sociais, é um facto indiscutível. O desafio está em perceber a verdadeira oportunidade de mercado e, no limite, de sobrevivência para o sector do entretenimento.
A aposta nas pessoas com deficiência e Surdas faz sentido a todos os níveis:
– São pessoas com vontade de comprar bilhetes como qualquer outro elemento do público;
– São pessoas com família, amigos e capazes de mobilizar grupos para os eventos;
– São pessoas que, como todas as outras, gastam dinheiro em comida, bebidas e merchandising;
– São pessoas que repetem boas experiências e as promovem na comunidade.
Este é o único caminho que o mercado vai permitir. O público vai escolher eventos que representem a sociedade em que acreditam – diversa, plural, inclusiva, sustentável, livre. As marcas preferem quem os posicione num futuro com os valores certos. Os artistas, cada vez mais, exigem que os palcos que pisam os elevem a todos os níveis.
Fazer um evento de sucesso significa olhar para o futuro, arriscar, programar novidades, ser criativo, ser atual e pensar como servir todos os stakeholders. Não consigo imaginar uma mudança mais pronta para ser implementada nesta indústria, com tanto efeito positivo imediato, a todos os níveis, como a inclusão de pessoas com deficiência e Surdas.
Estamos aqui, imaginem o futuro connosco.
Jwana Godinho
Amplificador
No documentário Wheels of Madness, a história inspiradora de Gal Mizrachi, um fã de música no seu festival preferido: o Sziget, na Hungria.
Agenda
Eventos com acessibilidade física, legendagem, Língua Gestual Portuguesa e Audiodescrição.
Festival Política
5 a 7 de maio, Centro de Juventude de Braga
Destaques: Hugo Van Der Ding; A Música Cigana a Gostar Dela Própria; Visita Guiada – “Braga Desinformada”.
+ info: www.festivalpolitica.pt
Acessibilidade: espaço físico, Língua Gestual Portuguesa, legendagem em todos os filmes (incluindo os portugueses).
5 formas de morrer de amor
13 Maio, Cineteatro Louletano
Autoria de Catarina Molder
+ info: cineteatro.cm-loule.pt
Acessibilidade: espaço físico, Audiodescrição.
Orlando | Teatro Nacional 21
14 Maio, Teatro Municipal do Porto
Encenado por Albano Jerónimo, com texto de Cláudia Lucas Chéu a partir de Virginia Woolf
+ info: teatromunicipaldoporto.pt
Acessibilidade: espaço físico, Língua Gestual Portuguesa.
Mais sugestões em www.cultura-acessivel.pt
