Citação de Maria Silva: Roundhouse: um espaço onde os jovens desenvolvem a criatividade e carreira artística

Roundhouse: um espaço onde os jovens desenvolvem a criatividade e carreira artística 

Vivo no Reino Unido e trabalho no sector artístico há alguns anos. Tornou-se um hábito interagir com uma enorme variedade de pessoas com diferentes níveis de acessibilidade, é frequente a sensação de uma predisposição para rectificar e apoiar qualquer falha neste tópico em constante desenvolvimento que é a acessibilidade.

Acredito que cada pessoa é única com necessidades e especificidades distintas, e que tendo essa predisposição em todos nós, permite assegurar acessibilidade física, social e cultural a todos.

Trabalho na Roundhouse, uma instituição reconhecida mundialmente como uma casa de espectáculos multifacetada em Camden, (Londres) que remonta a 1966, com centenas de espectáculos e eventos anualmente. O projecto de fundo é criar um espaço onde jovens possam desenvolver a sua criatividade e carreiras artísticas. Isto inclui música, filmes, escrita criativa, palavra declamada, entre outras áreas. A Diversidade e Inclusão são os valores fundadores e a acessibilidade está indubitavelmente embutida neles.

Como organização, procuramos sempre maneiras de melhorar a acessibilidade de forma a que nos permita quebrar barreiras e aumentar os nossos standards. Essa discussão é feita internamente onde todos nós (trabalhadores) temos a liberdade e legitimidade para abrir conversas e questionar procedimentos assim como abrir a discussão para fora da organização de forma a receber e partilhar conhecimento e estratégias.

Desde a reabertura pós pandemia, recebemos cerca de 684 visitantes que nos deram conhecimento que tinham algum tipo de necessidade de acessibilidade. No período pré-pandémico tivemos cerca de 697 visitantes (2019). Temos acessos sem degraus, elevadores, casas de banho acessíveis e de género neutro, parque de estacionamento para visitantes com dístico, aparelhos de suporte auditivo, Língua Gestual durante actuações, entre outros recursos.

O meu departamento, (Departamento Operacional de Visitantes) trabalha directamente com visitantes com necessidades específicas. Não só com soluções físicas. Promovemos também apoio durante a visita à Roundhouse de forma a que se sintam confiantes e confortáveis.

Recentemente implementámos um canal directo com o nosso departamento através de email, onde podemos responder às questões e pedidos dos nossos visitantes. Isto permite que a nossa equipa possa prover um serviço completo a cada visitante, estabelecendo contacto antes, durante e depois da visita. Um novo e entusiasmante espaço criativo vai abrir para jovens no início de 2023, e nele teremos uma Changing Place Toilet *, uma estrutura que serve não só o nosso público, mas para utilizadores em Camden e Londres, estabelecendo assim o nosso compromisso com a acessibilidade para todos.

Em Portugal, a memória que tenho e que mais se agudiza é a escassa presença física de pessoas com necessidades de acessibilidade em espaços culturais. Não porque sejam em menor número, mas talvez pelos obstáculos físicos e consequentemente sociais, desencorajando a sua presença. Com isso, Portugal perde sua a presença e contribuição, fazendo com que as suas necessidades não sejam consideradas ou contempladas de uma forma colectiva, activa e progressista.

O meu mais profundo desejo (e acredito que é possível) é ver áreas culturais e de espectáculos em Portugal, terem o nível de entendimento e reflexão sobre acessibilidade a que assisto na Roundhouse, dando início à discussão, manutenção e uma força geradora de melhoria constante sobre todos os aspectos sempre plurais, da acessibilidade, inclusão e diversidade.

* Casa de banho ampla e totalmente equipada, assegurando segurança, higiene e privacidade ao utilizador e ao seu cuidador.

Maria Silva


Maria Silva é gestora do Departamento Operacional de Visitantes, na Roundhouse. Mestre em Arquitectura na Universidade Lusíada de Lisboa. Trabalhou nas bilheteiras do Teatro Camões em 2006/2007 e deu assistência ao gabinete de Relações Públicas da Companhia Nacional de Bailado. No Reino Unido, foi supervisora sénior do Teatro Lyric, em West End. Tem também créditos como cenógrafa, figurinista e designer gráfica na peça de teatro :“Oh my Goddess“, no Arts Theatre (West End). Colabora com a marca Bang London como assistente de costume embellishment. 


Amplificador

This Haptic Suit Lets You ‘Hear’ Music Through Your Skin

Para os Surdos e pessoas com deficiência auditiva, desfrutar de entretenimento ao vivo é mais do que um desafio. No entanto, o uso de um fato táctil poderia mudar essa experiência. A tecnologia Haptic proporciona uma experiência da música através da pele… 

Agenda

Eventos com acessibilidade física, legendagem, Língua Gestual Portuguesa e Audiodescrição. 


Teatro Bairro Alto | Se te portares bem, vamos ao McDonald’s 
29 de Outubro, Lisboa

Destaque: A partir de hoje, toda a gente tem a possibilidade de recrutar uma pessoa para obedecer às suas vontades, desejos, sonhos. Aquele irmão que sempre quis ter? Aquele avô que já partiu, e a quem gostava de dar um último abraço? Está solteiro, mas quer levar alguém como acompanhante a um casamento? Agora é possível. Na nossa empresa temos pessoas prontas e disponíveis para personificar tudo aquilo de que precisar. A única regra: nenhuma vida poderá ser posta em risco.  

+ info: Teatro Bairro Alto

Acessibilidade: Sessão com audiodescrição e interpretação em Língua Gestual Portuguesa.


Teatro Nacional São João | Para que os ventos se levantem: uma Oresteia 
Até 6 de Novembro, Porto

Destaque: A trilogia de Ésquilo canta tudo o que é essencial: a dor, a morte, a vingança, a loucura, a justiça. O dramaturgo franco-iraniano mantém as personagens e a estrutura narrativa, mas opera metamorfoses, desvios, atualizações. Troia é aqui o nome de guerra de todo o Médio Oriente, terra ainda e sempre devastada; Agamémnon e Orestes são emblemas do imperialismo e do populismo emergentes; os coros, constituídos por feministas e ecologistas, resistem à barbárie. Catherine Marnas e Nuno Cardoso, diretores artísticos das duas instituições, trabalham com um elenco de jovens atores franceses e portugueses. Um exercício bilingue de “formação em ato”, um espetáculo que interroga (e vivifica) os alicerces do ideário democrático. 

+ info e programa: Teatro Nacional São João

Acessibilidade: Legendado.


Mais sugestões em www.cultura-acessivel.pt

Scroll to Top
Skip to content
accesslab favicon
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.