Nasci com uma deficiência, mas isso não me impede de nada.
Poderia vir para aqui com aquele discurso da coitadinha, que a sociedade associa logo a uma pessoa com deficiência. No entanto, essa associação sempre me irritou, e isso é graças à educação que recebi. Educação essa que muitas crianças e adultos desconhecem, e acabam por se isolar numa grande bolha de que a deficiência é um castigo, ou um melodrama digno daqueles programas de televisão sensacionalistas.
Mas querem saber qual é o verdadeiro castigo? Ter 20 anos e ainda ser vista como uma criança de 5. E isto tudo se deve a tratar da deficiência como um segredo guardado a sete chaves, ou como uma cicatriz feia acabada de coser que deve ser ignorada. Essa atitude apenas alimenta a ignorância e o estigma que envolve as pessoas com deficiência.
Muitas vezes penso que as pessoas vivem na ignorância, e sinto que a maior parte gosta disso. Acomodam-se e deixam-se ficar por aí. E acreditam piamente que as pessoas com deficiência são incapazes e sem valor. Acabando por nos pôr rótulos de invalidade, e impondo aquilo que podemos ou não podemos fazer.
Eu, por outro lado, gosto de provocar. Gosto principalmente de chocar aqueles que vivem na bolha do preto e branco. Já dizia Steve Jones dos Sex Pistols “O caos deve ser criado para que a mudança aconteça”. Se a simples forma de se mostrar que a deficiência deve ser levada com leveza e normalidade, e evoca tanto falatório, isso só significa que ainda há muito trabalho pela frente.
A deficiência faz parte de mim. desmistificá-la e consciencializar a sociedade é o meu principal objetivo e, por isso, não deve ser motivo de infantilização.
Reconheçamos que a deficiência é apenas uma das muitas características de um ser humano, e que não define o nosso todo. Muito menos, deve ser usado como um rótulo.
Carmo Muñoz
Carmo Muñoz nasceu a 2 de novembro de 2003 e é uma jovem com grandes aspirações. Durante a sua educação, ao frequentou oThe International Baccalaureate Diploma Programme na área de Humanidades. Tem como objetivo estudar comunicação no futuro, pois sonha tornar-se numa grande escritora.
Descodificador
Deficiência visual: pessoa cega ou invisual?
Clipping
Vinhos do Alentejo vão formar pessoas com deficiência em parceria com a HumanWinety
Ler artigo – Público
Vinhos do Alentejo vão formar pessoas com deficiência em parceria com a HumanWinety.
A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana vai colaborar com o projeto criado em 2022 pelo enólogo Bento Amaral e formar pessoas com deficiência para integrar em empresas do setor na região.
Agenda
Eventos com acessibilidade física, legendagem, Língua Gestual Portuguesa e Audiodescrição.
Fórum Cultural do Seixal | Europa 9 de novembro, Seixal – Lisboa Destaque: Passada numa minúscula plataforma de uma estação de comboios, numa pequena cidade europeia de fronteira, a peça de 1994 de David Greig não parece ter sido escrita há tanto tempo. Esta cidade – em tempos um lugar importante onde os passaportes eram verificados – está em agonia: a fábrica de lâmpadas fechou e os comboios já não param ali. O desespero dos refugiados que não conseguem encontrar um lugar para descansar, a privação de direitos dos jovens, uma cultura onde o lucro não está em fazer, mas em comprar e vender, e a ameaça imaginária dos imigrantes que paira no ar onde quer que as pessoas sintam que não só os comboios foram cancelados, mas também o seu futuro. Este é o começo de Greig, mas a sua mistura pungente de poesia e realismo é instantaneamente reconhecida, tal como a sua elevada consciência geográfica e a sua representação de pessoas que vivem no limite, física e mentalmente. Espetáculo de entrada livre, mediante incrição. + info: CM Seixal Acessibilidade: Língua Gestual Portuguesa e audiodescrição. Para este espetáculo, a Câmara Municipal do Seixal irá disponibilizar transporte em autocarro, para pessoas cegas, entre a estação de comboios do Fogueteiro e o Auditório Municipal do Fórum Cultural do Seixal, mediante inscrição. |
Teatro Municipal Porto | Quintas de Leitura – O poeta é um lampejo na escuridão das noites 9 de novembro, Porto Destaque: Um verso do poeta surrealista Henrique Risques Pereira serve de motor a esta sessão inteiramente comandada pelo público. Um exercício sem rede, radioso, que conta com a cumplicidade de alguns especialistas na arte de (bem) dizer poesia. Nesta sessão, o público é quem mais ordena: consulte a ementa, escolha o seu poeta preferido e a palavra fluirá inesgotável. Uma festa da palavra – “somos as palavras que usamos”, escrevia Saramago –, que contará com a presença de muitos caminheiros ao serviço do sonho. — João Gesta + info: Teatro Municipal Porto Acessibilidade: Sessão com Língua Gestual Portuguesa e audiodescrição. |
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