Futebol: um catalisador de mudanças sociais

Imagem de Cláudia Poças: "Futebol: um catalisador de mudanças sociais"

O futebol é mágico por diversas razões. Pela forma como mexe com as emoções, a modalidade tem o condão de unir as pessoas, transcender barreiras e promover a inclusão social. A viver o futebol somos todos iguais, não há diferenças. 

Na Federação Portuguesa de Futebol (FPF) encaramos o futebol como uma plataforma para pessoas com deficiência praticarem desporto, mostrando as suas habilidades e aptidões em igualdade de condições. O futebol é, indubitavelmente, um catalisador para mudanças sociais. Ao promover a acessibilidade, permitimos que os adeptos com deficiência reivindiquem o seu lugar de direito tanto no desporto como na sociedade.

Olhando para os números, 50% das pessoas com deficiência nunca participaram num evento público ou desportivo. A nossa missão é baixar essa percentagem significativamente através de medidas e ações, as quais vão permitir também proporcionar uma experiência mais rica para os adeptos com necessidades específicas.

Através de práticas inclusivas e instalações acessíveis, podemos capacitar as pessoas com deficiência, promover mudanças sociais e criar um mundo mais equitativo e inclusivo para todos.

E é por isso que o projeto “Game On” apoiado pelo programa UEFA’s HatTrick é tão importante para nós. Queremos aprender mais e estabelecer modelos de acolhimento na experiência de jogo de futebol que façam realmente a diferença para os adeptos com necessidades específicas. 

Este projeto, com o qual contamos com a imprescindível assessoria da Access Lab vai permitir-nos aprender a acolher estas comunidades de forma não assistencialista, mas sim promovendo cada vez mais a total independência de acesso a um jogo de futebol do adepto com necessidades específicas. Desde o momento em que compra o bilhete até ao momento em que sai do estádio. 

O objetivo da Federação Portuguesa de Futebol é ajudar a estabelecer e a disseminar estes modelos de acolhimento – que por vezes nem necessitam de grandes investimentos financeiros, apenas de equipas formadas e capacitadas e que possam transmitir métodos e estratégias nos seus núcleos de influência no contexto da organização de eventos desportivos. 

Vamos a exemplos práticos: 

  • A audiodescrição nos jogos é uma ferramenta fundamental para que a população com deficiência visual possa acompanhar um jogo com a mesma emoção de um adepto que consegue ver o que se passa no relvado.

  • O Hino de Portugal interpretado em Língua Gestual pode parecer meramente performativo e simbólico, mas é extremamente importante para a inclusão das pessoas surdas no espetáculo que é de todos. 

  • O acompanhamento informado das pessoas que se deslocam em cadeira de rodas, a planificação dos lugares para as pessoas de mobilidade condicionada, a disponibilização dos bilhetes para os seus acompanhantes, a acessibilidade a todas as áreas do estádio, o acesso aos estacionamentos, tudo isto faz parte de uma experiência que se quer independente e segura. 

  • A disponibilização de uma sala de descanso (com estímulos visuais e sonoros reduzidos) para as pessoas com neurodivergência fazerem uma pausa se necessitarem, pode ser a diferença entre uma família ficar em casa isolada a ver o jogo ou ir ao estádio gritar por Portugal. 

O caminho é longo mas temos de o fazer com responsabilidade e competência. Para que o futebol seja, de facto, para todos e todas, sem excepção. 

O projeto “Game on“,  que agora iniciamos e que será devidamente documentado, produzirá materiais técnicos de consulta que poderão ser utilizados por todos os organizadores de eventos desportivos, futebol ou qualquer outro desporto. 


É por isso um projeto que nos entusiasma e motiva e no qual estamos envolvidos de forma empenhada, convictos que contribuirá para a construção de um mundo mais justo, igualitário e, logo, mais feliz. 

Cláudia Poças

 

Cláudia Poças é atualmente Diretora Coordenadora da FPF com tutela das Seleções Nacionais, Cidade do Futebol e Responsabilidade Social. Com mais de 10 anos de experiência na FPF, ocupou vários cargos tais como Gestora de Eventos, Gestora de Operações no Euro’2004, Coordenadora de Hospitalidade, Protocolo e Eventos corporativos, assumindo depois a função de Diretora Internacional no Departamento de DMC & Corporate da AIM Group International, em Lisboa, coordenando o departamento e identificando oportunidades para eventos em mercados internacionais.
Em 2016, regressa à FPF para o cargo de Diretora da Cidade do Futebol, onde supervisionou e coordenou todos os eventos corporativos e sociais organizados na sede da FPF. Cinco anos depois, juntou a esse cargo a tutela da Responsabilidade Social. Atualmente, acumula essas funções com as de Diretora Coordenadora com tutela das Seleções Nacionais.

 

Amplificador

Em 2018, a Federação Portuguesa de Futebol lançou a 1.ª edição do Prémio Futebol Para Todos e premiou três projetos: TIFA, Special Ones e Bola Colorida. Uma equipa de reportagem da FPF foi para o terreno perceber as consequências do Prémio Futebol Para Todos no dia a dia de três projetos vencedores.

 

Clipping

Sporting inaugura camarote adaptado para pessoas com deficiência
 

Ler artigo: Jornal Record

Em conjunto com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a Fundação Sporting inaugurou o espaço The Green Box. Trata-se de um camarote inclusivo com o objetivo de oferecer uma experiência de jogo também a pessoas com deficiência, pessoas surdas, ou com neurodivergência.


Agenda

Eventos com acessibilidade física, legendagem, Língua Gestual Portuguesa e Audiodescrição. 

Estádio Dr. Magalhães Pessoa | Liga das Nações: Portugal – França

5 de dezembro, 18h15, Leiria

Destaque:

O Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa recebe um importante jogo da Seleção Nacional Feminina de Futebol frente à França, referente à Liga das Nações.

Trata-se de um jogo entre duas equipas que disputaram o último Campeonato do Mundo. Portugal ficou na fase de grupos – apesar das boas exibições – enquanto a equipa francesa chegou aos quartos-de-final.

+ info: Federação Portuguesa de Futebol

Acessibilidade: Audiodescrição, acessibilidade física (acessos e lugares específicos). Sala de pausa disponível.


Quinta Alegre | “Quando as Paredes Falam”

3 de dezembro, Lisboa

Destaque: Situada no coração de Lisboa, no Campo Grande, a Quinta Alegre convida a comunidade Surda a marcar presença na oficina de colagem manual que começa com uma visita à instalação “Quando As Paredes Falam”, que conta a história do palácio.
A oficina, “Descolagem”, foi preparada pela artista Graça Santos.

Acessibilidade: Língua Gestual Portuguesa. Entrada livre mediante inscrição: quinta.alegre.lc@cm-lisboa.pt

 


Culturgest | Fantasma Gaiata – A Coleção da CGD

Até 28 de janeiro, 2024, Lisboa

Destaque: A propósito da celebração dos 30 anos da Culturgest, esta exposição abre portas a um dos acervos de arte contemporânea portuguesa mais relevantes do país.

abertas à galerias para que o público possa novamente contactar com este acervo. Com curadoria de Bruno Marchand.

+ info: Culturgest

Acessibilidade: Visitas à exposição “Fantasma Gaiata – A Coleção da CGD” com interpretação em Língua Gestual Portuguesa, Audiodescrição com touch tour e materiais em alto relevo.
– Sessões com audiodescrição dias 10/12 e 13/01.
– Visitas com Língua Gestual Portuguesa:  20/01.

Mais sessões disponíveis mediante marcação.

A entrada é gratuita para pessoas com deficiência e acompanhante. O agendamento para qualquer uma das visitas deve ser feito através de culturgest.visitas@cgd.pt ou do telefone 21 761 9078.

 


Mais sugestões em www.cultura-acessivel.pt

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