A importância de jogar simples

Imagem de Tiago Maia com o título da nova newsletter: A importância de jogar simples

Num país onde o desporto é rei, e onde, felizmente, temos os melhores dos melhores, cresci a ver Cristiano, Madjer, Ricardinho, Nélson Évora, João Sousa e muitos outros.

Sou apaixonado por desporto, tenho uma deficiência e uso cadeira de rodas para me movimentar desde os 15/16 anos. Foi nessa altura que despertei também, para a existência do desporto paralímpico. Sonhei, desde aí, com poder jogar ténis em cadeira de rodas.

Cumpri o sonho. Sou, neste momento, atleta de ténis em cadeira de rodas, no AHEAD CT, em Alverca do Ribatejo.

À partida, parece, e é, uma história feliz. Ainda assim, fica uma parte da história por contar. Começo por dizer que vi esse sonho demorar quase 5 anos a concretizar-se, devido às dificuldades latentes que se encontram quando se procura por clube e local adaptado para treinar, por treinadores com conhecimento para treinar alguém com deficiência, por material que permita a prática (no caso uma cadeira de rodas desportiva) e por uma logística de transporte facilitada.

A abordagem à questão pode ser feita ainda num outro prisma de forma simples e direta: toda a dificuldade em encontrar clube fez com que perdesse a importante fase de formação juvenil, no que diz respeito ao aspeto técnico-tático e físico, no âmbito do crescimento muscular.

É possível ainda ver que esta falta de meios associados à iniciação à prática,leva à falta de competitividade do desporto adaptado nacional. No ténis, todo o top-4 nacional apresenta uma idade acima dos 40 anos, e bastantes dificuldades a competir internacionalmente. Eu, com 21 anos, sou o tenista mais novo em competição, algo que não deveria acontecer.

Todo este processo é dificílimo, uma vez que as informações disponibilizadas pelas entidades e pelos meios existentes em Portugal eram, até há bem pouco tempo, insuficientes, incompletas e desatualizadas e incorretas.

Foi assim que criei, em conjunto com uma equipa a trabalhar de forma voluntária, o projeto JogaSimples. O objetivo passa por recolher e agregar o máximo de informações relevantes à prática do desporto adaptado num único website/plataforma.

Pretendeu-se assim, debelar falhas e obter informações que permitam:

• Criar um mapa atualizado com os clubes e locais onde se pode praticar desporto adaptado.

• Identificar responsáveis, contactos, condições de acessibilidades e de material em cada clube.

• Inventariar o material disponível gratuitamente ou que possa ser cedido pelos clubes e federações a cada praticante.

• Trabalhar com os praticantes e simplificar o processo de iniciação, efetuando os contactos se o atleta não quiser passar pela burocracia.

Neste momento, o projeto conta com o apoio de 8 federações e 15 entidades relacionadas com o desporto adaptado e a deficiência (entre as quais a AcessLab). O mapa interativo já tem em lista 120 clubes e associações onde pessoas com deficiência podem praticar desporto.

A importância de jogar simples passa por dispor de mais informação que simplifique o acesso à prática desportiva. Para que o desporto seja realmente para todos!

Tiago Maia

Tiago Maia
tem 21 anos e é licenciado em Gestão pela ISCTE BusinessSchool. Nasceu com uma diplegia espástica, uma forma de paralisia cerebral, que lhe afetou principalmente os membros inferiores e locomoção. Apaixonado por desporto, joga ténis em cadeira de rodas e é o fundador do Projeto Joga Simples.

Megafone

Os desportos recreativos e competitivos praticados por pessoas com deficiência estão a ganhar popularidade e os níveis de competência dos atletas estão a aumentar. Um dos desportos adaptativos mais estabelecidos é o ténis em cadeira de rodas. William Brangham foi recentemente ao Open dos EUA em Nova Iorque para saber o que alguns dos melhores jogadores deste desporto, que já tem 40 anos, aprenderam dentro e fora do campo.

Clipping

Portugal é campeão do mundo de atletismo indoor para deficiência intelectual 
 

Ler artigo: Revista Visão

Portugal sagrou-se campeão do mundo de atletismo pista coberta da Federação Internacional para Atletas com Deficiência Intelectual (VIRTUS), depois de ter conquistado nove medalhas de ouro e sete de prata, e um total de 66 pontos.

 

Agenda

Eventos com acessibilidade física, legendagem, Língua Gestual Portuguesa e Audiodescrição. 

 

A Grande Corrida | Teatro Luís de Camões

2 a 10 de março, Lisboa

Destaque:  É o dia da grande corrida, Manuela está a postos com o seu carro maravilhoso. Mas, durante o percurso, surgem uma série de obstáculos inesperados, que são um teste à sua imaginação e sobretudo à sua persistência. Será que Manuela consegue chegar ao fim? Alcançará ou não o seu sonho de vitória? É o que vamos ficar a saber no final desta história…Venham apoiar a Manuela, que não há outra como ela!

+ info: Teatro Luís de Camões

Acessibilidade: Sessões com LGP, Audiodescrição e sessões descontraídas.

Ôss | Teatro Municipal do Porto 

8 e 9 de março, Porto

Destaque:  Osso, em crioulo, diz-se “ôss”. Foneticamente semelhante ao “oss”, expressão polissémica comum entre os praticantes de karaté que, na sua origem, condensa ideias como pressionar, empurrar, suportar, tolerar. Mas esta relação fonética será apenas, e em parte, coincidência, já que o osso enquanto guardador e revelador de segredos milenares, guardião de orientações anatómicas, caixa estruturante de partes moles e frágeis. Paradoxalmente, construir um esqueleto forte, onde um pé tem a função de cérebro, o coração serve de cotovelo e os joelhos são um fígado e uma orelha, ser-nos-á naturalmente possível já que, entre duro e mole, no final, pouco importará. As partes deste compósito e seu posterior destino, serão tratados em leilão. — Dançando com a Diferença & Marlene Monteiro Freitas.


+ info: Teatro Municipal do Porto

Acessibilidade: Acessibilidade física. Espetáculo com audiodescrição dia 9 de março, 19h30.

museubordalopinheiro.pt

Mais sugestões em www.cultura-acessivel.pt 

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