Dois estudos da NOVA, com apoio Access Lab, revelam que formação e consultoria contribuem para a inclusão de pessoas com deficiência
Formação em acessibilidade contribui para inclusão de pessoas com deficiência e Surdas na área da cultura.
Mudanças implementadas após formação e consultoria têm um impacto positivo na área da acessibilidade de pessoas com deficiência e Surdas a eventos culturais, segundo estudo da NOVA FCSH.
No sentido de compreender as dinâmicas de mercado, o estado atual da acessibilidade em Portugal e a importância de alicerçar medidas em conhecimento científico, a Access Lab propôs à NOVA FCSH a elaboração de dois estudos. De um lado, uma análise das práticas de acessibilidade existentes no setor da cultura (que contou com 37 inquiridos). De outro, uma análise dos constrangimentos que impedem a fruição cultural de pessoas com deficiência e Surdas (com uma amostra de 69 pessoas). Os resultados já estão disponíveis aqui.
Sobre os profissionais:
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65% dos profissionais revela ter passado a haver a inclusão de pessoas com deficiência e Surdas nos recursos de programação acessível (e.g: Língua Gestual Portuguesa e/ou Audiodescrição) após a formação.
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54% dos profissionais introduziram mudanças pós-formação em acessibilidade na política de bilheteira dos seus eventos para não cobrar bilhete a acompanhantes.
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57% dos profissionais revelam ter passado a existir um elemento da equipa para acompanhar o público com deficiência e Surdo, realidade que só acontecia pré-formação em 10,8% casos.
Sobre o público com deficiência e Surdo:
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90% dos inquiridos foram a concertos nos 6 meses anteriores.
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54% foi a peças de teatro ou de outras artes performativas.
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70% tiveram dificuldades, no âmbito da acessibilidade, no usufruto do equipamento ou evento cultural.
Trata-se de uma recolha de dados que, não sendo representativa de toda a comunidade e setor, não deixa de ser relevante para a discussão pública.
“A ausência de dados sobre as pessoas com deficiência e Surdas é uma das maiores lacunas da nossa sociedade para progressos sociais e económicos. Foi por isso que, na fundação da Access Lab, unimos esforços com a NOVA FCSH para um estudo dos projetos com quem trabalhámos. Se por um lado nos deixa alerta o facto 70% das pessoas ainda reportar dificuldades na acessibilidade, também queremos relevar o facto de 54% dos eventos com quem trabalhámos ter alterado a sua política de bilheteira para não cobrar bilhete a acompanhantes. A mudança faz-se diariamente, este é apenas um ponto de partida. Por isso, iniciámos este mês a recolha de dados para um segundo estudo, mais abrangente e representativo focado em experiências de entretenimento.”
Tiago Fortuna e Jwana Godinho (Co-fundadores Access Lab)
A equipa de investigadores escreve no relatório final:
Os dados revelam que um balanço positivo de uma experiência cultural depende essencialmente de três fatores: qualidade e acessibilidade dos conteúdos, isto é, a sua adaptação às necessidades da pessoa com deficiência ou Surda; a acessibilidade do local (ao nível das infraestruturas); qualidade da informação disponibilizada no recinto e/ou pelos elementos da equipa presentes.
Por sua vez, um balanço negativo relaciona-se com dificuldades de mobilidade no local, com os dispositivos para adaptação de conteúdos, na comunicação com elementos auxiliares e ainda no acesso à bilheteira.
Recomenda-se, portanto, que haja um maior diálogo entre os profissionais da cultura responsáveis pela acessibilidade nos seus equipamentos, a restante equipa, investigadores da área e representantes de pessoas com deficiência para que os equipamentos sejam devidamente testados, através de focus group – presença de pessoas com deficiência.