Olá!
Dou-vos as boas-vindas à nova newsletter da Access Lab – Ensaio. Um espaço de reflexão e curadoria de entretenimento para participar na sociedade, política, cultura e desporto.
Ensaio terá edições distintas da newsletter Amplificador que continua a publicar textos inéditos a cada quinzena, a par dos habituais destaques de acessibilidade. Agora editamos dois conteúdos distintos – Ensaio e Amplificador. O novo espaço é criado para promover debates informados sobre temas ligados à nossa missão.
Chama-se “Ensaio” porque não tem um modelo estanque. É uma newsletter lançada na primeira quinta feira de cada mês. Um lugar de convergência, assinado por pessoas com deficiência da equipa Access Lab, com recomendações de leitura (literatura e media), podcasts, filmes, e eventos – tanto para adultos como para crianças.
Na edição #1 falo-vos nas minhas preocupações na temática da deficiência para as próximas eleições legislativas, a 10 de março. Também no musical “A Cor Púrpura”, acabado de chegar aos cinemas, e na maior descoberta que fiz recentemente – a Livraria da Travessa. Trago ainda um livro sobre Futebol e um mini-documentário sobre inclusão no desporto-rei.
Fiquem connosco!
Sociedade & Política
Este ano celebramos 50 anos do 25 de abril, 50 anos de democracia. Será ano de eleições e formação de um novo Governo. Acredito, mais do que nunca, que as pessoas com deficiência precisam de estar conscientes no seu voto – ao que conquistaram e ao que fica por conquistar. Selecionei três causas para ficarmos atentos nos programas eleitorais:
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Prestação Social para Inclusão: introduziu, pela primeira vez, um rendimento independente das remunerações ou património (para pessoas com mais de 80% de incapacidade, tendo outras especificidades para pessoas a partir dos 60% incapacidade). É uma medida que continua a precisar de trabalho e vigilância. Recomendo este artigo no Público. Alerto para a portaria atualizada da medida.
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Assistência Pessoal: depois do modelo piloto temos, finalmente, uma portaria e fixação do modelo como resposta da segurança social. Eu sou um dos 1065 destinatários e tenho visto a minha vida ser transformada pela possibilidade de tomada de decisão sem depender da minha família, do seu crivo, com a minha autonomia e privacidade. A medida está longe de ser perfeita mas é uma “revolução”, como tão bem ilustrou a Catarina Vitorino.
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Esterilização de pessoas com deficiência: parece-me ser o tema mais dramático e chocante que temos em mãos. A sexualidade das pessoas com deficiência é um tabu dentro e fora da comunidade. É preciso discutir o tema e fazer algo. No momento em que vos escrevo o meu único objetivo é estimular o debate. Deixo-vos duas sugestões: esta página da Associação Voz do Autista e esta entrevista da Sara Rocha no podcast do Expresso Perguntar Não Ofende.
Cultura
Um lugar e um filme para fevereiro:
Foi o espaço que mais gostei de descobrir em 2023 e onde comprei vários livros. Nasceu no Brasil mas tem uma morada no Príncipe Real, em Lisboa. Tem títulos nacionais, em português do Brasil e também noutras línguas (como o inglês, francês ou alemão). É um lugar de descoberta permanente, rico, fora do circuito mainstream com edições que dificilmente serão encontradas noutras livrarias, como as reedições de clássicos pela Antofágica (dos quais comprei “A Metamorfose”, de Kafka, e “A Desobediência Civil”, de Henry David Thoreau); e as biografias para crianças da Editora Mostarda (com títulos sobre Alice Walker, Malcolm X, Mandela e muitos outros).
Nota sobre acessibilidade: a Livraria tem um degrau na entrada e mais dois para aceder a uma das áreas interiores.
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Chegou aos cinemas o musical de “A Cor Púrpura”
Em 1982 Alice Walker publicava “A Cor Púrpura“, o romance foi vencedor do prémio Pulitzer em 1983 e adaptado ao cinema por Steven Spielberg em 1985. O musical chegou à Broadway em 2005 e teve um revival em cena entre 2015 e 2017. Agora, chegou aos cinemas a adaptação ao cinema da versão musical realizada por Blitz Bazawule. Ainda não o vi o filme mas é talvez o lançamento pelo qual tenho maior expectativa dos últimos tempos. Apaixonei-me pela história com um dos temas do musical, “I’m Here”, depois li o livro e vi o filme original. Nesta nova interpretação espera-se que temas como o racismo, a espiritualidade e a sexualidade se mantenham tão crus e relevantes como quando foram expostos por Alice Walker em 1982.
Nota sobre acessibilidade: o filme estará em exibição em todas as grandes cadeias de cinema nacionais que, na sua maioria, têm acessibilidade física (estacionamento, lugares designados, balcões rebaixados e casas de banho) mas sem bilhete de acompanhante ou audiodescrição.
Esta newsletter foi escrita a ouvir: “Afro Fado” de Slow J
Sobre o autor: Apaixonado pela cultura no sentido lato, acredita na pop como meio de democracia cultural. Co-fundou a Access Lab em 2022 para garantir o acesso de pessoas com deficiência e Surdas. Com a Access Lab, tem implementado projectos de inclusão em algumas das maiores salas de espectáculos, festivais e empresas. Antes, foi assessor de imprensa na LiveCom e fundou a Associação Portuguesa de Festivais de Música. É licenciado em Ciências da Comunicação pela FCSH – UNL, a mesma instituição onde se pós-graduou em Comunicação de Cultura e Indústrias Criativas. |