A escolaridade das pessoas com deficiência em Portugal, a UEFA em Lisboa e os melhores de 2024

Olá!

Há um debate que tem estado ausente em Portugal: a escolaridade de pessoas com deficiência. Sabiam que apenas 5,4% das pessoas com deficiência completaram o ensino superior e apenas 8,5% o secundário? Isto significa que 86,1% desta população tem o ensino básico ou escolaridade inferior, num país em que o 12.º ano é obrigatório.

Na população sem deficiência 19,8% completou o ensino superior, 24,7% o ensino secundário, o que nos leva a 55,5% com escolaridade até ao terceiro ciclo. São números alarmantes que podem explicar muitos dos problemas com que lidamos.

Centremo-nos nas pessoas com deficiência: como pretendemos aplicar a lei das quotas de empregabilidade, e estimular a autonomia financeira, quando as pessoas apresentam este défice de escolaridade? Não estaremos a saltar uma etapa essencial?

Em 2025, este será um dos meus eixos de ação, por isso, quis trazer-vos a questão. Podem consultar mais informação na secção de sociedade e política desta newsletter.

Em notas positivas, refletindo o ano que passou, trago-vos os melhores de 2024: um disco, um livro, um filme e um museu. No desporto, importa referir o grande guia de acessibilidade que a UEFA lançou em Lisboa, na Cidade do Futebol – um rasgo de esperança para quem trabalha em acessibilidade.

Fiquem connosco!

Tiago Fortuna

Sociedade & Política

 

Que debate devemos ter em Portugal sobre a escolaridade de pessoas com deficiência?

Falamos todos os dias na empregabilidade, é o discurso dominante do espaço público. Falamos em surdina sobre a dificuldade que é empregar as pessoas com deficiência. E porquê? Os dados expostos na introdução desta newsletter são indicadores de desigualdades sistémicas, de um país que ainda está longe de compreender o que significa a diversidade e inclusão. Convido-vos por isso a visitar o Observatório da Deficiência e Direitos Humanos e mergulhar na publicação Pessoas com Deficiência em Portugal – Indicadores de Direitos Humanos 2023.  

Cultura

 

Os melhores de 2024:

O disco: “Cowboy Carter”, Beyoncé – O segundo de três actos pela reparação histórica da cultura afro-americana. Primeiro na música de dança, com “Renaissance”, agora com o country, em “Cowboy Carter”. Beyoncé recupera as raízes apagadas pelas forças da normatividade e da branquitude, continuando a criar um legado ímpar e ocupando um lugar de desconforto e desafio na cultura pop.

 

O livro: “Castas”, Isabel Wilkerson –  Foi editado em 2020 mas só cheguei a ele em 2024. É uma leitura essencial sobre o preconceito, a discriminação mas, sobretudo, o lado mais negro da humanidade. “Castas” faz um paralelo entre o sistema de castas indiano, o sistema nazi e o racismo estrutural ocidental, colonialista e norte-americano.

 

O filme: “Zona de Interesse”, Jonathan Glazer – Vencedor de 2 óscares, nomeado para 5. O filme mais desconfortável que vi em 2024. Sobre a falta de empatia, a crueldade, uma ideologia monolítica que despe a cultura das suas cores e oportunidades. É sobre a vida de uma família cujo pai tinha o (dito) privilégio de dirigir um campo de concentração durante o fascismo alemão.

 

O museu: Centro de Arte Moderna, Gulbenkian – Foi a maior festa do panorama cultural português no ano que passou. O CAM reabriu com Leonor Antunes, Fernando Lemos mas também novas aquisições e a possibilidade de conhecer melhor a riqueza do arquivo da sua colecção em “Reservas visitáveis”. Já há programa para 2025 – com destaques para Paula Rego e Adriana Varejão.

 

Desporto

 


A UEFA celebrou o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência em Lisboa, na Cidade do Futebol, lançando o seu novo guia de acessibilidade. A todos os que se interessam pela temática, vale a pena consultar o documento para pensar em eventos mais acessíveis e capazes de incluir pessoas com deficiência.  

Sobre o autor:
Tiago Fortuna

Apaixonado pela cultura no sentido lato, acredita na pop como meio de democracia cultural. Co-fundou a Access Lab em 2022 para garantir o acesso de pessoas com deficiência e Surdas. Com a Access Lab, tem implementado projectos de inclusão em algumas das maiores salas de espectáculos, festivais e empresas. Antes, foi assessor de imprensa na LiveCom e fundou a Associação Portuguesa de Festivais de Música. É licenciado em Ciências da Comunicação pela FCSH – UNL, a mesma instituição onde se pós-graduou em Comunicação de Cultura e Indústrias Criativas.

linktr.ee/tiagofortuna

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Esta newsletter foi escrita a ouvir:

Defying Gravity da banda-sonora de Wicked.

 

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