Inclusão na Cultura: estudos NOVA revelam que formação e consultoria contribuem para a inclusão

Estudo NOVA: a experiência de pessoas com deficiência na Cultura em 2023

Estudo NOVA: a experiência de pessoas com deficiência da Cultura

 

As pessoas com deficiência e Surdas participam em eventos culturais, revela um novo estudo da NOVA FCSH. No último ano, num universo de 237 inquiridos, 50% participaram entre 2 a 5 eventos63% indicaram ter experienciado algum tipo de dificuldade.

O sumário executivo pode ser consultado com infográficos aqui, o relatório completo aqui.

No global, as pessoas indicam como maior dificuldade (63%) a atribuição ou visibilidade dos seus lugares. Quando focados na última experiência, as dificuldades são reveladoras: 55% sobre instalações sanitárias adaptadas85% em programação acessível (como Língua Gestual Portuguesa e/ou Audiodescrição); 58% na bilheteira; e 85% em filas prioritárias.

O inquérito pedia a classificação da última experiência. Esses resultados foram: 9% como excelente; 46% como boa; 30% como média; e 6% como má. Esta foi uma pergunta com um campo aberto complementar que, nos 30% de média, as respostas referem experiências paradigmáticas:

“Escolho média, pois adoro participar. No entanto, é sempre um horror para mim o peso sensorial (movimento, pessoas, não há prioridades numa fila, nada está adaptado)… Acabo por ficar mal nos 3, 4 dias seguintes… Preciso de tempo para recuperar. Se os eventos forem adaptados, poderá ajudar a que as consequências não sejam tão negativas.”


É ainda de salientar o tipo de eventos em que os inquiridos participaram, dado que mais de 80% foi a festivais ou concertos51% foi ao cinema38% participou em eventos de teatro ou artes performativas e 34% visitou exposições.

No universo de inquiridos, foi possível caracterizar a deficiência em questão, uma pessoa pode ter mais que um tipo de incapacidade: 66% identificaram ter deficiência motora; 16% deficiência visual; 7% perda de audição; 10% surdez; 7% deficiência intelectual; e 9% neurodivergência. É relevante assinalar que 80% dos inquiridos indicam ter atestado multiuso de incapacidade.

Os investigadores fazem três recomendações de investimento futuro:

  • Na literacia, “formação dos profissionais da cultura”.

  • Na comunicação, onde “é possível reconhecer ausência de informação, e desinformação com impacto no acesso ao evento”, recomendando-se um “foco na comunicação para a inclusão”.

  • Por último, “condições para fruição estética”, onde é realçada a necessidade de investimento na programação com recursos de acessibilidade.  

estudo “Acessibilidade na cultura 2023: experiências das pessoas com deficiência e Surda” foi realizado pelo Obi.Media/ICNOVA, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a pedido da Access Lab. Teve o apoio filantrópico da Fundação Ageas e do Turismo de Portugal.

“A nossa experiência enquanto Fundação diz-nos que a auscultação atenta e extensiva das pessoas que estão em situação de vulnerabilidade é um dos pontos mais importantes do processo de definição de uma resposta social. Sem essa análise, tende-se a desenhar soluções top-down desadequadas ou, pior, desconhecer por completo as nuances das causas e consequências do problema. Nesse sentido, foi sem dúvidas que a Fundação Ageas apoiou a elaboração deste estudo por entidades de referência e pretende continuar a apoiar iniciativas semelhantes que coloquem a acessibilidade à cultura na agenda mediática, em Portugal.”

João Machado (Presidente da Fundação Ageas)

“A construção de um destino turístico coeso, inclusivo e sustentável, que permita o enriquecimento pessoal e cultural de todos, deve ser um compromisso comum dos múltiplos intervenientes dos setores cultural e turístico. Neste sentido, é crucial o desenvolvimento de manifestações culturais que possam contribuir para a atração de turistas nacionais e internacionais para todo o território, ao longo de todo o ano, impulsionando assim as economias locais. Nesse sentido, a recolha de informação credível sobre o público com necessidades específicas, quer físicas, sensoriais ou cognitivas, assume uma grande importância,  já que permite compreender e melhorar a experiência deste público em eventos culturais, bem como melhorar as respostas por parte da oferta. O estudo da Access Lab e Universidade Nova de Lisboa, que também contou com o apoio do Turismo de Portugal, proporciona esse conhecimento aos organizadores de eventos e deverá ser uma fonte de inspiração para termos, cada vez mais e melhores eventos acessíveis a todos.”

Teresa Ferreira (Directora Departamento de Dinamização dos Recursos Turísticos do Turismo de Portugal)

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